O Xadrez no Desporto Escolar em Leiria

Este é o Blog oficioso dos Núcleos de Xadrez do Desporto Escolar da Coordenação Educativa de Leiria (CE Leiria). Nele irão ser colocados todos os materiais elaborados pelos Coordenadores dos Núcleos, fotografias de actividades, materiais de apoio, modelos de material, divulgação de actividades, classificações de provas e outros que se ache interessante divulgar. É ainda um lugar de debate de ideias e em que os próprios alunos poderão dialogar, apresentar-se e colocar questões.

novembro 26, 2011

Semana da Ciência e da Tecnologia 2011 - Tertúlia on-line (IX)

Poema de pedra lioz Álvaro Góis, Rui Mamede, filhos de António Brandão, naturais de Cantanhede, pedreiros de profissão, de sombrias cataduras como bisontes lendários, modelam ternas figuras na brutidão dos calcários. Ali, no esconso recanto, só o túmulo, e mais nada, suspenso no roxo pranto de uma fresta geminada. Mas no silêncio da nave, como um cinzel que batuca, soa sempre um truca…truca… lento, pausado, suave, truca, truca, truca, truca, sob a abóbada romântica, como um cinzel que batuca numa insistência satânica: truca, truca, truca, truca, truca, truca, truca, truca. Álvaro Góis, Rui Mamede, filhos de António Brandão, naturais de Cantanhede, ambos vivos ali estão, truca, truca, truca, truca, vestidos de surrobeco e acocorados no chão, truca, truca, truca, truca. No friso, largo de um palmo, que dá volta a toda a arca, um Cristo, de gesto calmo, assiste ao chegar da barca. Homens de vária feição, barrigudos e contentes, mostram, no riso dos dentes, o gozo da salvação. Anjinhos de longas vestes, e cabelo aos caracóis, tocam pífaros celestes, entre cometas e sóis. Mulheres e homens, sem paz, esgazeados de remorsos, desistem de fazer esforços, entregam-se a Satanás. Fixando a pedra, mirando-a, quanto mais o olhar se educa, mais se entende o truca…truca… que enche a nave, transbordando-a, truca, truca, truca, truca, truca, truca, truca, truca. No desmedido caixão, grande senhor ali jaz. Pupilo de Satanás? Alma pura de eleição? Dom Afonso ou Dom João? Para o caso tanto faz. in Teatro do Mundo (1958) - António Gedeão