Quantos mais têm de morrer?
Professores lamentam morte de docente
2008/01/05 | 00:37
Sofria de cancro do pulmão e não viu reduzida a componente lectiva
A Associação Sindical de Professores Pró-Ordem lamentou sexta-feira que uma docente que sofria de cancro do pulmão tenha morrido sem que lhe fosse reduzida a componente lectiva e apelou ao Ministério da Educação que altere a legislação em causa, refere a Lusa.
Este caso vem reacender a polémica que levantou no Verão passado a morte de uma professora de Aveiro com leucemia e de um docente de Braga com cancro na traqueia, que trabalharam nas respectivas escolas praticamente até à data da morte, depois de lhes serem negados por juntas médicas os respectivos pedidos de aposentação.
Maria Cândida Ferreira Pereira, professora de Educação Visual e Tecnológica na Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, em Mangualde, morreu quinta-feira à tarde, vítima de cancro do pulmão.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Pró-Ordem, Filipe Correia do Paulo, criticou a legislação actual, que considera «uma violência» e uma «desumanidade» para com os professores que sofrem de doenças graves.
«Com a legislação anterior, mediante requerimento e prova médica, por questões de humanidade, o Ministério autorizava a redução total ou parcial da componente lectiva», explicou.
Desta forma, os professores poderiam ficar com «tarefas mais leves» do que ter uma turma à sua responsabilidade, como estar numa biblioteca.
«Com as alterações introduzidas pela nova legislação dos professores, nem vale a pena fazer o pedido, porque não está prevista a redução da componente lectiva», acrescentou.
Contava com a «solidariedade dos colegas»
Também o presidente do conselho executivo da Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, João Carlos Alves, disse à Lusa discordar desta legislação, considerando que «a lei quando é feita num Estado de direito e democrático, tem que estar ao lado das pessoas que o dignificam».
Como a escola é obrigada a seguir a lei, restava apenas «a solidariedade dos colegas», que nas reuniões procuravam aligeirar as tarefas de Maria Cândida, referiu.
João Carlos Alves disse que Maria Cândida «era uma pessoa com uma grande força de vontade», que esteve na escola pela última vez na altura das reuniões das avaliações de Natal.
Segundo o responsável, a professora pertencia a Midões (Coimbra), mas estava destacada em Mangualde pelo terceiro ano, «porque tinha pedido aproximação à residência por motivos de saúde».
O funeral está marcado para as 10:30 de sábado, na igreja de Santa Cruz, em Gouveia. Maria Cândida, nascida a 01 de Agosto de 1960, deixa duas filhas menores, de 12 e 14 anos.
in Portugal Diário - ler notícia
2008/01/05 | 00:37
Sofria de cancro do pulmão e não viu reduzida a componente lectiva
A Associação Sindical de Professores Pró-Ordem lamentou sexta-feira que uma docente que sofria de cancro do pulmão tenha morrido sem que lhe fosse reduzida a componente lectiva e apelou ao Ministério da Educação que altere a legislação em causa, refere a Lusa.
Este caso vem reacender a polémica que levantou no Verão passado a morte de uma professora de Aveiro com leucemia e de um docente de Braga com cancro na traqueia, que trabalharam nas respectivas escolas praticamente até à data da morte, depois de lhes serem negados por juntas médicas os respectivos pedidos de aposentação.
Maria Cândida Ferreira Pereira, professora de Educação Visual e Tecnológica na Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, em Mangualde, morreu quinta-feira à tarde, vítima de cancro do pulmão.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Pró-Ordem, Filipe Correia do Paulo, criticou a legislação actual, que considera «uma violência» e uma «desumanidade» para com os professores que sofrem de doenças graves.
«Com a legislação anterior, mediante requerimento e prova médica, por questões de humanidade, o Ministério autorizava a redução total ou parcial da componente lectiva», explicou.
Desta forma, os professores poderiam ficar com «tarefas mais leves» do que ter uma turma à sua responsabilidade, como estar numa biblioteca.
«Com as alterações introduzidas pela nova legislação dos professores, nem vale a pena fazer o pedido, porque não está prevista a redução da componente lectiva», acrescentou.
Contava com a «solidariedade dos colegas»
Também o presidente do conselho executivo da Escola Básica 2/3 Ana de Castro Osório, João Carlos Alves, disse à Lusa discordar desta legislação, considerando que «a lei quando é feita num Estado de direito e democrático, tem que estar ao lado das pessoas que o dignificam».
Como a escola é obrigada a seguir a lei, restava apenas «a solidariedade dos colegas», que nas reuniões procuravam aligeirar as tarefas de Maria Cândida, referiu.
João Carlos Alves disse que Maria Cândida «era uma pessoa com uma grande força de vontade», que esteve na escola pela última vez na altura das reuniões das avaliações de Natal.
Segundo o responsável, a professora pertencia a Midões (Coimbra), mas estava destacada em Mangualde pelo terceiro ano, «porque tinha pedido aproximação à residência por motivos de saúde».
O funeral está marcado para as 10:30 de sábado, na igreja de Santa Cruz, em Gouveia. Maria Cândida, nascida a 01 de Agosto de 1960, deixa duas filhas menores, de 12 e 14 anos.
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